Arquivo da categoria: Bobagens

Dicas de escotismo urbano.

Aprendi com a diretora de arte lá da agência:

# Como organizar seu lanche do McDonalds pra ocupar menos espaço na mesa:
a) abra a caixinha do hamburguer até ela ficar em 180°,

b) derrame as batatas na tampa dela, deixando o hamburguer ao lado.

c) jogue a caixinha original das batatas (aquela vermelha, que nunca pára em pé) no saco de onde veio seu lanche.

d) Pronto: agora você tem uma caixa de hamburguer que serve também pras batatinhas não ficarem caindo, e tem espaço o bastante para botar o seu cotovelo na mesa.

Etiquetado , ,

Paulistanos

Ainda não entendi por que paulistanos sobem ou descem os degraus das escadas rolantes. Que já foram feitas pra fazerem isso por nós.

Etiquetado , ,

Gestalt metropolitana

# Um elemento tende a ocupar os mínimos espaços deixado por outro em lugares cheios, como ônibus e metrôs no horário de pico.

Monólogos com minha irmã

– Tata, eu interrompi meu raciocínio no projeto, saí do computador, fui até o mercado e fiquei procurando mó tempão aquele côco ralado que você pediu. E aí, cadê aquele beijinho de panela?

– Tata, escrevi lá no blog. Depois você lê? (ps: ela nunca lê)

– Tata, e se você fizesse sua cena de teatro com duas mulheres pintando as unhas dos pés e, de repente, começassem um debate filosófico sobre a existência de Deus?

– “Com esses movimentos, eu estou representando o amor”. “Agora com estes, estou representando a solidão”. Como esse povo que faz dança contemporânea consegue gostar disso? Porque eu nunca ouvi um “não, é que pagam bem, mesmo”.

Etiquetado , , ,

Monólogos com meu pai.

– Pai, de acordo com a psicologia cognitiva, os mitos e lendas das cultura orais eram eficientes pra consolidação da sociedade primitiva! Você não entende?!

– Pai, posso até virar solteirão, mas pelo menos EU já fui num puteiro. Você nunca foi, nem pode mais ir.

– Pai, pela última vez, eu não quero comprar seu notebook.

– Pai, pára de pensar em TV de plasma e vai comprar umas meias.

Etiquetado , , ,

Monólogos e diálogos com minha mãe

– Mãe e esse suco “Ponchito” de laranja, aqui? Perto dele o Xtapa até natural.

– Mãe, tem coisa mais de mulherzinha do que Polenguinho light?

– Mãe, as suas almôndegas são melhores do que essas do supermercado. E olha que as suas nem são feitas de carne!

– Mãe, quando é que acaba essa novela das 8? Não aguento mais ouvir esses “arebaba”, “arebaguandi”, no meio da rua.

Etiquetado , , , ,

O stand-up da Morte.

Longe de mim achar que sou engraçada. Meu trabalho é parecido com o de um almoxarife: a diferença é que os arquivos que eu carrego são mais pesados, e algumas vezes são menos importantes. A vida humana é muito burocrática. Mas, de certa forma, é divertido o que os humanos fazem a meu respeito.

Depois do meu trabalho consumado, eu visito os velórios. A “perda” de um ente querido, amigo ou familiar, é de cortar o coração, todos sabemos. Pra quem tá de pé junto, também. Mas velórios são um espetáculo (e nem precisa ser o de um Michael Jackson, televisionado, com ingressos, cantores e depoimentos ao estilo “arquivo confidencial”).

Existem velórios de todos os tipos. Dá até pra conhecer gente legal: numa família de marceneiros, conheci um sanfoneiro nordestino, que tocava forró nos bailes. Ninguém lembrou o cidadão de trazer a sanfona. Uma pena.

Aliás, tem velório que só serve pra isso: conhecer gente nova e, no caso da parentada distante, dar uma fofocada. Eu ouvi cada coisa que nunca imaginaria. Uma reunião de família na qual o caixão do defunto é a mesinha de centro e o palco de falsas amizades reatadas e acusações suaves entre queridos.

Mas o melhor mesmo é quando falta assunto. Já ouviu a expressão “silêncio sepulcral”? Essa expressão é uma grande mentira: não existe silêncio desse tipo. Porque quando a conversa ameaça a ficar mais fria que o defunto, as frases de velório salvam o dia. Uma pequena lista das que ouvi nas minhas andanças:

– Olha a expressão dele. Tão sereno!

– Alguns parentes só aparecem nessa hora, né?

– Ele parecia tão saudável!

– Vão os melhores, ficam os piores. (Quer registrar uma reclamação? Fale com o sindicato).

– Deus sabe o que faz. (Ah, assim está melhor).

– Hoje em dia, tem gente que morre até comendo coxinha!

– Pelo menos não sofreu muito.

– É, ninguém sabe o dia de amanhã… (reticências filosóficas).

– Ele foi para um lugar melhor… tenho certeza (mal sabe ele).

– Sempre tão preocupado(a) com as pessoas… finalmente vai descansar.

– Morreu, morreu. Antes ele do que eu. (a preferida das crianças).

– Aceita um cafezinho? (nunca entendi o que faz uma copeira num velório).

Apesar da clichezada, venho observando que os velórios estão ficando mais modernos, menos encanados com rituais: num deles pediram pizza, Habib’s e refri nos seus. Noutro, por vingança da amante, convidaram uma dançarina para fazer pole-dancing em cima do caixão (juro!). Num enterro que visitei tinha TV no teto. Quase ligaram a TV pra assistir ao Esporte Espetacular, ver o resultado da liga de vôlei. Também já rolou concurso entre os amigos para ver quem presenciou o “causo” mais absurdo, engraçado e improvável do falecido. Gostei! Valeu o ingresso!

Aliás, cá entre nós, meu amigo e minha amiga: se existem duas ocasiões na vida em que as pessoas se esforçam pra ser criativas, é nos preparativos do casamento e nos da morte. Há uma possível relação entre ambas (principalmente para os homens). Mas a parte do casório eu deixo para falar em outro momento.

Se o defunto não tiver uma religião que o impeça, basicamente, existem três modalidades de morte: enterro, cremação e doação de órgãos.

No caso do enterro, o número de pesquisas com o verbete “epitáfio” vem crescendo no Google. Pessoas procuram uma frase bonita e profunda (mais do que sete palmos), para gravar na lápide e deixar um recado para a posteridade. Este momento representa uma fina ironia sobre a existência humana: enquanto uma pessoa estará sendo comida pelos vermes, outra estará lendo uma mensagem edificante e memorável. Justo.

Também há um número crescente de pessoas que preferem ser cremadas. Cremar dá muito mais opções, pensam elas. Você vira cinzas e pode desde ser botado numa simples caixinha de madeira, quanto fumado num baseado, queimado com objetos simbólicos (livros, fotos e calcinhas são os mais pedidos), “assoprado” em alto-mar ao som de uma música de novela, ou ir parar numa lata de leite moça e ser enterrado em lugares insólitos, como no Grand Canion.

E para os bonzinhos que por acaso morrerem “intocados”, de morte encefálica (o que é ironicamente bem raro), a doação de órgãos. Não vou explicar demais: já até fizeram um filme a respeito. No entanto, ao contrário do que apareceu no filme (que eu odiei), não é tão parecido com um presente de amigo secreto, no qual você escolhe para quem vai sua córnea ou seu fígado… vai pro primeiro que estiver na fila e for compatível. Ah, essas coisas de Hollywood…

Agora falando sério, engraçado mesmo é como todo mundo que morre se dá melhor: ou vira santo, ou vende mais. Durante a vida a gente sabe que a pessoa não era lá grande coisa, nem parece fazer falta. Mas quando tá prestes a ir pra baixo da terra, meus compadres, todo mundo fica triste. Diz que foi um exemplo de ser humano. Deve ser por isso que alguns vivos, quando ficam deprimidos e se sentem uns bostas, tentam se imaginar no próprio velório.

Bem pessoal, é só isso. Obrigado pela atenção. Até logo, heim! E um conselho: haja o que houve, não morram virgens.

Etiquetado , ,

Uma pessoa que não conheço.

Por Felipe Grilo

Tive a idéia de me propor um desafio: escrever algo sobre alguém que eu não conheço. Alguém que eu nunca vi pessoalmente, nem tenha sabido nada a respeito na mídia. Alguém que, como se provou ao longo da entrevista, eu precisaria mesmo conhecer. Acho que vocês também.

Atualmente este homem é rico, como todos disseram que um dia ele seria. Trabalha muito e ganha bem, também estuda, dá aulas e escreve livros. Sua profissão: consultor. Casado, religioso e com uma linda família, pelo que me disse. E disse com tanto fervor que deveria ser verdade. De resto, viajou o mundo todo dando palestras ou apenas curtindo outras culturas.

Eu o vi andando no parque, e ele, simpático e com tempo livre, me deu o prazer desta pequena entrevista. Durante nossa conversa o senhor, aparentando 70 anos, me contou que teve amigos desde que se lembra da sua infância. Jogava bola com os vizinhos no quintal e fora dele era pega-pega, esconde-esconde, pula-pula e corrida de bicicleta no parque. Nunca sofreu de solidão. Alguns amigos cresceram tão juntos que ainda estão presentes na lista de contatos. Amigos de infância.

Nunca foi protegido demais pelos pais. Portanto, sentia-se livre para conversar o que sabia, aprontar o que pudesse, inventar o que quisesse, sem sofrer demais com as repressões. Os pais o castigavam apenas quando era algo muito perigoso, como subir na laje. Tinha grandes recordações desse tempo. Nunca teve grandes problemas em entender o mundo que o cercava, as pessoas e todo o resto – nem sensível demais, nem de menos.

Se dava bem no colégio, mas não se preocupava apenas em tirar notas altas. Seus pais não o obrigavam a tanto e nem davam valor excessivo ao estudo. O suficiente para passar de ano estava bom, e o resto da sua atenção dedicava a conversar, se divertir e paquerar. Apesar de beleza não ser uma de suas qualidades, se dava bem com as garotas. “Sabia levar na lábia”, me disse.

Ainda no colégio, me contou de todas as coisas que aprontou de todas as vezes que, rindo, foi parar na diretoria. Com ele não tinha vez: era aparecer a oportunidade, pensava rápido em alguma maluquice e zaz, estava feito. Diz com orgulho que nunca hesitou. Viveu de certa forma com ousadia, audácia, sem muitos medos. Levou muito na cabeça, mas aprendeu com os erros e não pela falta deles.

Fez todos os cursos que queria: inglês, espanhol, japonês, desenho, pintura, kung fu, futebol, webdesign, programação, tudo antes de decidir por uma faculdade. Também gostava de ler nos tempos livres, mas nunca demais, a ponto de substituir a vida real. Preferia namorar, jogar bola depois das aulas e sair às sextas, para as baladas. Gostava de dançar e de beber.

Estudou bastante, mas tinha a facilidade de não ser inseguro. Passou de raspão na faculdade que escolheu – e que, aliás, foi escolhida de última hora. Indeciso? Não, era apenas pela emoção de decidir seu futuro naquele instante. Como todo adolescente normal.

Se deu bem com os colegas de turma e com os professores. Além da facilidade em fazer amigos e mobilizá-los, sabia mostrar seu trabalho e impor suas idéias com facilidade. Tinha talento para liderança. Iria ficar rico.

Arranjou empregos com facilidade graças a indicações, mas acima de tudo por ser extrovertido, carismático e interessante – eu mesmo pude apreciar isso, observando a graça com que contava suas histórias. Era seguro, também. E por mais que oportunidades difíceis aparecessem, ele topava sem medo e conseguia superar os desafios.

E foi num desses empregos que conheceu sua atual mulher. Namoraram e a pediu em casamento em pleno expediente, com a torcida dos colegas e com festa para ambos. Mais um dia inesquecível para contar para seus futuros filhos, netos e para este mero e desconhecido curioso que passava por perto. Uma vida inesquecível.

Pena que eu não conheço este homem. Provavelmente nunca vou conhecê-lo, e nem vocês.

Este homem, meus caros, este homem sou eu.

Etiquetado , ,

Emprego

– Fale-me um pouco sobre você.

– \o/

– Se você fosse um animal, qual seria?

– \o/

– Como você se vê daqui a 5 anos?

– \o/

– Quais são suas principais qualidades? E os pontos que precisa melhorar?

– \o/

– Parabéns, você está contratado.

– \o/

Etiquetado , ,

Nerdices.

Ao passar o Avira Antivírus no meu computador, noto que o nome da tela de escaneamento é:

Luke Filewalker

***

A criatividade nerd não tem limites.

Etiquetado , , ,